Rubian Melo e Ana do Carmo – Foto/Reprodução: Taylla de Paula e Carolina Guerreiro
Com foco em Cinema de Gênero e protagonismo negro, a Saturnema Filmes promove o Núcleo Criativo Películas Negras. O grupo de desenvolvimento de projetos audiovisuais é formado, majoritariamente, por roteiristas negros dos estados da Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo, além do Distrito Federal e da Espanha. Ao todo, foram desenvolvidos cinco roteiros, sendo duas séries: Riacho de Areia e Fucsia. Já os filmes são: Icor, O Renascimento de Vênus e O céu de Belisa.
O Núcleo Criativo contou com Aída Esther Bueno, Ariel Cascadura, Claudia Sater, Elias Guerra, Luiz Guilherme Assis, Tamiris Hilário e Rayane Teles como roteiristas, além de Larissa Barbosa como assistente de roteiro. Para a chefe da sala de roteiro e sócia da Saturnema Filmes, Ana do Carmo, o Núcleo Criativo possibilitou romper barreiras sociais e principalmente raciais.
“Trouxemos para o centro da criação gêneros como terror, fantasia, realismo mágico, ficção científica – territórios historicamente negados a corpos como os nossos, tanto na frente quanto por trás das câmeras. Crescemos sendo ensinados que, nos filmes de terror, personagens negros morrem primeiro – como se nem na ficção tivéssemos o direito de sobreviver. Disseram que nossa cor não combina com magia, como se nossos orixás, encantados e benzedeiras não fossem mestres em dobrar realidades. Nos fizeram acreditar que nossas cosmologias de futuro não vendem, como se nossos sonhos não pudessem habitar outros mundos”, conta a empresária. “O Núcleo nos permitiu ressignificar gêneros, formatos e estéticas que foram forjados dentro de um imaginário branco e ocidentalizado”, completa.
Iniciado em junho de 2024, o Núcleo Criativo segue até abril. Rubian Melo é produtora executiva do Núcleo Criativo e sócia da Saturnema Filmes e avalia a execução do trabalho ao longo desses 10 meses de forma positiva. “Desde que nos organizamos para pensar em projetos de série e longa-metragens, a criatividade aflorou e já tínhamos alguns projetos que estavam esperando o seu momento para desabrochar. Recebemos muitos projetos de outros realizadores que se identificam com a identidade da Saturnema e com essa possibilidade de criar um ambiente de desenvolvimento de roteiros, abraçamos projetos que acreditamos que podem ir pro mundo muito em breve. Estamos criando novos mundos, onde personagens negros possuem protagonismo e complexidades para além das violências e estigmas ditados pela sociedade.” , avalia Rubian Melo. Para ela, realizar o Núcleo Criativo Películas Negras um marco na carreira e na carreira da produtora de modo geral.
Imagem/Reprodução: Saturnema Filmes
Durante uma sala de roteiro como o Núcleo Criativo Películas Negras, diferentes roteiristas se encontram para discutir, analisar e reescrever o roteiro do filme ou da série. Luiz Guilherme Assis, por exemplo, mora no Rio de Janeiro, é autor do filme “Icor” e pode desenvolver melhor o roteiro junto com a equipe. “Com o Núcleo, pude conhecer outros profissionais e projetos maravilhosos e inspiradores em uma dinâmica leve e efetiva. Foi ótimo também poder trabalhar em um projeto de minha autoria nesse modelo. O núcleo fez com que o projeto alcançasse um outro patamar e chegasse a soluções para questões que ainda careciam de amadurecimento da versão anterior. Conseguimos deixar um projeto mais maduro e redondo”, avalia.
Esse é um processo onde também há consultorias específicas para enriquecer as tramas. No Núcleo Criativo, foram três tipos de consultorias: Consultoria Histórica, realizada pelo professor Vanzye Fargom; Consultoria Científica, realizada pelo também professor Rafael Melo; e Consultoria Dramatúrgica, realizada pelos roteiristas Igor Verde, Jaqueline Souza e Raphaela Leite. Ao longo do percurso, foi possível amadurecer os projetos, fortalecer suas bases narrativas e consolidar a assinatura criativa da Saturnema Filmes enquanto produtora.
“Esse espaço foi essencial para que cada obra encontrasse sua identidade, tanto em termos de desenvolvimento quanto de abordagem de mercado. Temos bíblias e dossiês diagramados, roteiros de longa-metragem e pilotos de séries em duas línguas, prontos para serem apresentados ao mercado nacional e internacional, que contaram com consultorias dramatúrgicas, científicas e históricas. A troca entre os profissionais envolvidos, com diferentes bagagens profissionais e de vida, foi um grande diferencial, pois garantiu uma construção coletiva que enriqueceu a qualidade dos projetos. Em nossas salas de roteiro, gestamos histórias de forma colaborativa, fortalecendo um projeto de mundo no qual o audiovisual negro não seja restrito a nichos ou caixinhas pré-definidas, mas sim um oceano de possibilidades a ser navegado – múltiplo, expansivo e insubmisso”, explica Ana do Carmo.
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