Mobilização integra o Julho das Pretas e prepara caminho para a 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras, marcada para novembro em Brasília
Publicado em 17/07/2025 às 18:50
Foto: Arquivo Odara
No dia 25 de julho, as ruas de Salvador se tornarão palco de uma das expressões mais importantes do movimento de mulheres negras no país. A Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver convoca a população para ocupar o centro histórico da cidade em um ato que reafirma o protagonismo político das mulheres negras no Brasil. A concentração será às 14h na Praça da Piedade, com caminhada até o Terreiro de Jesus.
A data não é aleatória. O 25 de Julho marca o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e, no Brasil, o Dia Nacional de Tereza de Benguela — mulher negra quilombola que liderou, no século XVIII, um dos mais longos focos de resistência ao sistema escravista no país. A memória dessas lideranças e lutas é evocada como parte de uma tradição de enfrentamento e reinvenção cotidiana de um projeto de país fundado na exclusão racial e de gênero.
A mobilização integra o Julho das Pretas, agenda política criada em 2013 pelo Odara – Instituto da Mulher Negra, e que hoje articula organizações de todo o país e da diáspora negra. Com mais de 600 atividades programadas em 18 estados, no Distrito Federal e em países como Colômbia e Reino Unido, o Julho das Pretas afirma a centralidade das mulheres negras na produção de pensamento, cultura e resistência coletiva, em territórios urbanos, rurais, ribeirinhos e periféricos.
Este ano, o tema “Reparação e Bem Viver” reúne duas frentes históricas de luta. A reparação — material, simbólica e institucional — é defendida como condição para a reconstrução de um Brasil mais justo, que reconheça os danos acumulados por séculos de escravização, extermínio, silenciamento e apagamento. Já o Bem Viver emerge como contraponto à lógica capitalista e desenvolvimentista, resgatando visões negras e indígenas que colocam no centro a coletividade, a harmonia com a natureza e a dignidade de todos os corpos e vidas.
O ato de Salvador também é parte do processo de preparação para a 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras, que acontecerá em Brasília no dia 25 de novembro, dez anos após a histórica marcha de 2015. Mais de 90 comitês estão em atividade por todo o país, organizando debates, formações, manifestações e articulações para que um milhão de mulheres negras estejam nas ruas da capital federal.
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