Iniciativa pioneira une cibersegurança, acolhimento e defesa jurídica para enfrentar a violência online que atinge sobretudo mulheres negras, indígenas e quilombolas.
Publicado em 26/08/25 às 17:20
Foto: Divulgação
A violência digital contra mulheres comunicadoras não é um fenômeno isolado: ela tem cor e território. Dados da UNESCO e do InternetLab mostram que mais de 15 mil comunicadoras na América Latina já foram alvo de ataques mediados por tecnologia, sendo as negras as mais expostas. No Brasil, nove em cada dez jornalistas mulheres relatam assédio online e mais da metade recebeu ameaças à integridade física.
É nesse cenário que nasce a Rede de Proteção Digital para Comunicadoras Negras (REPCONE), lançada simultaneamente no Brasil, Peru e Argentina pela Rede Jornalistas Pretos pela Diversidade na Comunicação (Rede JP). A iniciativa, inédita no continente, une cibersegurança, acolhimento psicossocial e proteção jurídica para comunicadoras negras, indígenas e quilombolas, buscando garantir segurança individual e preservação de narrativas que sustentam a democracia.
“Nos relatos que recebemos, a palavra que mais se repete é ‘solidão’. Muitas comunicadoras enfrentam ataques sozinhas, sem saber a quem recorrer, e entre mulheres negras, indígenas e quilombolas, essa vulnerabilidade é ainda maior, marcada pela intersecção entre racismo, machismo e desigualdade digital”, afirma Marcelle Chagas, coordenadora geral da Rede JP, Mozilla Fellow e idealizadora do projeto.
“O REPCONE nasce para mudar essa realidade, oferecendo formação, resposta coletiva e, sobretudo, uma rede de confiança que garante que nenhuma voz estará sozinha”, completa.
O lançamento acontece nesta quinta-feira (28), às 19h, em um evento online aberto ao público, com a participação de jornalistas, defensoras de direitos humanos e especialistas em cibersegurança do Brasil, Peru, Argentina e Quênia. Entre os nomes confirmados estão Luciana Barreto (TV Brasil), Angela Chukunzira (Mozilla Foundation), Sofía Carrillo (Red de Periodistas Afrolatinos), Kátia Brasil (Amazônia Real) e Wesley Santana (ANAN).
A rede atuará em três eixos principais: formação em cibersegurança, para prevenir e mitigar riscos digitais; acolhimento e apoio psicossocial, oferecendo suporte emocional e comunitário; e proteção jurídica especializada, para defesa em casos de ataques virtuais. O acesso será gratuito e, já no lançamento, será aberto um programa com 50 vagas para comunicadoras de toda a América Latina.
Para Denise Mota, coordenadora de projetos da Rede JP na América Latina, a iniciativa é também um chamado para garantir a permanência das vozes negras e indígenas no debate público. “Estudos também mostram que essas mulheres terminam abandonando o debate público, participando menos ou se retirando de intercâmbios nas redes sociais em uma tentativa de preservar sua saúde mental e atividades
profissionais”
Fundada em 2018, a Rede JP já conecta cerca de 200 veículos de comunicação afrocentrados a grandes mídias, estudantes, comunicadores e empreendedores. Agora, com a REPCONE, amplia sua missão: criar um escudo coletivo contra a violência digital e fortalecer quem segue produzindo informação a partir das margens, para o centro.
📲 Siga também: @blackmidiaconecta e conheça nossos serviços.
💡 Apoie o Portal Black Mídia: O Futuro da Juventude Negra na Mídia! Para seguir nossa jornada em 2025, precisamos de você! Contribua com qualquer valor via PIX (CNPJ: 54738053000133) e fortaleça o Portal Black Mídia. Sua doação nos ajuda a continuar oferecendo jornalismo independente e soluções que impactam vidas.
As Comunidade Black é um espaço seguro para discussões sobre os temas que estão relacionados com as nossas editorias (temas de notícias). Não quer ler um montão de textos, mas quer acompanhar tópicos de temas determinados? Conheça os grupos, escolha aqueles que você quer fazer parte e receba nossos conteúdos em primeira mão.
Clique para acessar nossa comunidadeNossa comunidade é um espaço para nossa audiência receber reforços de nossos conteúdos, conteúdos em primeira mão (I'sis Almeida, diretora jornalismo do Portal)
No geral, mesmo com as redes sociais as pessoas não se conectam, e é por isso que abrimos esse espaço de conversação. (Lavínia Oliveira, diretora de arte do Portal)