Iniciativa reúne cibersegurança, acolhimento e apoio jurídico para enfrentar racismo e violência política que afetam jornalistas e ativistas
Publicado em 11/09/25 às 9:00
Foto: Divulgação
O Instituto Marielle Franco mostrou que 71% das ameaças contra comunicadoras envolveram morte ou estupro, enquanto o Repórteres Sem Fronteiras identificou que 8 em cada 10 jornalistas negras foram alvo de ataques online nos últimos três anos, com picos durante períodos eleitorais ou coberturas de direitos humanos.
Diante desse cenário, a Rede de Jornalistas Pretos pela Diversidade na Comunicação (Rede JP) lançou a Rede de Proteção Digital para Comunicadoras Negras (REPCONE), primeira iniciativa na América Latina que articula formação em cibersegurança, apoio psicossocial e proteção jurídica voltada especificamente para mulheres negras, indígenas e quilombolas. A proposta é criar uma resposta estruturada contra o assédio e a violência digital, garantindo que essas vozes continuem presentes no debate público.
O lançamento da REPCONE aconteceu no dia 28 de agosto e reuniu comunicadoras e especialistas do Brasil, Peru e Argentina. Jornalistas como Luciana Barreto (TV Brasil), Kátia Brasil (Amazônia Real) e Sofía Carrillo (Peru/Red de Periodistas Afrolatinos), além de ativistas como Angela Chukunzira (Mozilla Foundation) e Wesley Santana (advogado popular/ANAN), participaram de uma mesa virtual sobre os impactos da violência digital e os caminhos possíveis de enfrentamento.
As falas destacaram que o problema não é exclusivo do Brasil. Na Argentina, um estudo do Fórum de Jornalismo revelou que 67% das jornalistas racializadas sofreram assédio digital, especialmente após publicarem matérias sobre raça e gênero. No Peru, as experiências de comunicadoras negras mostram que os ataques estão diretamente ligados a estereótipos coloniais e à tentativa de silenciar vozes críticas.
Formação, acolhimento e defesa
Com inscrições abertas até 17 de setembro, a REPCONE vai selecionar 50 comunicadoras da América Latina para um programa gratuito que se inicia em 20 de setembro. O curso, que segue até outubro, será realizado de forma online e oferecerá formação em segurança digital, orientação jurídica especializada e suporte emocional para mulheres que enfrentam a violência cotidiana das redes.
O projeto também garante acessibilidade, com tradução simultânea e Libras, reforçando a preocupação em atender a comunicadoras diversas. Além das aulas, será criada uma rede de confiança que pretende ir além do treinamento, construindo um espaço coletivo de apoio e resposta rápida contra ataques digitais.
Para a organização, os ataques digitais não atingem apenas indivíduos, mas comunidades inteiras que dependem dessas vozes para disputar narrativas, garantir direitos e imaginar outros futuros.
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