Ícone da luta por direitos civis nos EUA, ela vivia em Cuba desde 1984 sob asilo político e morreu aos 78 anos
Publicado em 26/09/25 às 19:50
Foto: Ozier Muhammad/Newsday RM/Getty Images
A ativista política Assata Shakur, referência internacional na luta pelos direitos civis e contra o racismo estrutural, faleceu aos 78 anos, em Havana, Cuba. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (26) pelo Ministério das Relações Exteriores do país, em comunicado que informou complicações de saúde ligadas à idade avançada. A notícia foi confirmada também por sua filha, Kakuya Shakur.
Nascida Joanne Deborah Byron (também conhecida como Joanne Chesimard), em 16 de julho de 1947, no Queens, Nova York, Shakur ficou conhecida mundialmente por sua atuação no Partido dos Panteras Negras e posteriormente no Exército de Libertação Negra, organizações que enfrentaram a supremacia branca, a violência policial e as desigualdades raciais nos Estados Unidos. Madrinha e tia adotiva do rapper Tupac Shakur, ela se tornou símbolo de resistência para diferentes gerações.
A trajetória de Assata foi marcada pela perseguição política. Em 1973, durante uma abordagem policial na New Jersey Turnpike, um confronto armado resultou na morte do policial Werner Foerster e de Zayd Shakur, um dos militantes que a acompanhava. Gravemente ferida com dois tiros, ela foi acusada do assassinato de Foerster e condenada à prisão perpétua em 1977, apesar das inconsistências do processo: não havia digitais ou resquícios de pólvora que a ligassem às armas utilizadas. Organizações de direitos civis denunciaram o julgamento como exemplo de racismo e injustiça.
Dois anos depois, em 1979, Shakur escapou da prisão com apoio de militantes armados e entrou na clandestinidade. Reapareceu em 1984, em Cuba, onde recebeu asilo político e viveu desde então.
Mesmo distante fisicamente dos Estados Unidos, Assata seguiu sendo um nome central nas lutas antirracistas. Sua autobiografia, publicada em 1987, tornou-se leitura obrigatória em movimentos sociais e acadêmicos que estudam resistência negra. Em 2013, o FBI a incluiu na lista dos “terroristas mais procurados”, tornando-se a primeira mulher a receber tal designação. Na época, a recompensa por informações que levassem à sua captura chegou a US$ 2 milhões.
Ainda assim, Assata permaneceu em Havana, onde manteve uma vida discreta, mas continuou sendo evocada como inspiração por militantes, artistas e intelectuais. O rapper Tupac, seu sobrinho, mencionava sua luta em entrevistas e canções, contribuindo na consolidação da sua imagem como símbolo de força e resistência.
Para apoiadores e estudiosos, o legado de Assata Shakur transcende fronteiras. Ela é reconhecida como uma das vozes mais firmes contra a violência policial e a supremacia branca, uma vez que sua trajetória reflete os custos da luta por justiça racial nos Estados Unidos. Assata também inspira movimentos antirracistas em todo o mundo.
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