Inclusão foi reconhecida pelo Governo Federal
Publicado em 06/06/2025
Foto/Reprodução: Maria Mejia/Canva
O Governo Federal oficializou a inclusão da profissão de trancista na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), sob o código 5161-65. A decisão representa um marco histórico para o reconhecimento do trabalho de milhares de profissionais que atuam com a arte das tranças em todo o país, fortalecendo a valorização da estética afro-brasileira e promovendo a inclusão produtiva de trabalhadoras negras, principais responsáveis por preservar essa prática ancestral.
Com a nova classificação, trancistas passam a integrar o grupo de profissionais dos serviços de embelezamento, ao lado de cabeleireiros, barbeiros, manicures, maquiadores e designers de sobrancelhas. A CBO também reconhece outras nomenclaturas utilizadas pelas profissionais da área, como artesã capilar, trançadeira capilar e profissional das tranças.
O reconhecimento da atividade é resultado de articulações iniciadas em 2023, envolvendo lideranças do movimento negro, parlamentares comprometidos com a equidade racial, coletivos de beleza afrocentrada, sindicatos e gestoras públicas. A formalização vem sendo celebrada por organizações como o Ministério da Igualdade Racial, o Ministério do Trabalho e Emprego, o Fórum Nacional de Trancistas, além de secretarias estaduais, como a SEPROMI-BA, que compartilhou materiais comemorativos em suas redes sociais.
Além do simbolismo político, a oficialização na CBO oferece segurança jurídica e oportunidades de acesso a direitos trabalhistas, políticas públicas, qualificação técnica, linhas de crédito e possibilidade de atuação com CNPJ. É também um passo importante para o enfrentamento ao racismo estrutural que historicamente marginalizou os saberes e fazeres negros nos registros oficiais do mundo do trabalho.
A medida também contribui para ampliar o debate sobre a presença e o protagonismo de profissionais negras no setor da beleza, um dos que mais movimentam a economia brasileira. Mesmo sendo responsáveis por movimentar bilhões por ano, essas trabalhadoras ainda enfrentam precarização, falta de reconhecimento formal e ausência de políticas públicas específicas.
A Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) é o documento oficial que reconhece, descreve e organiza todas as profissões existentes no Brasil. É utilizada por órgãos como o IBGE, INSS, RAIS e SINE, além de servir de referência para contratos de trabalho, concursos públicos, programas de qualificação profissional e estatísticas sobre o mercado de trabalho.
Avanço coletivo
Em nota oficial, o Fórum Nacional de Trancistas celebrou a vitória, mas reforçou que o caminho ainda não terminou. O próximo passo é a regulamentação profissional da categoria, garantindo que trancistas tenham acesso a cursos profissionalizantes com certificação, participação em editais públicos e representação nos conselhos de classe e espaços de decisão.
Para muitas profissionais, o reconhecimento chega como um ato de reparação histórica, que valoriza não apenas uma ocupação, mas todo um legado de cuidado, ancestralidade, cultura e identidade que as tranças carregam em suas formas, fios e significados.
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