Foto/Reprodução Wanda Chase Instagram

A jornalista Wanda Chase, uma das referências do jornalismo baiano, morreu na noite de quarta-feira, 2 de abril de 2025, aos 74 anos, em Salvador. Ela estava hospitalizada e passou por uma cirurgia de emergência para tratar um aneurisma dissecante da aorta, mas não resistiu às complicações do procedimento.

Evangélica e neta de barbadianos que imigraram para o Brasil e se estabeleceram no país, Wanda nasceu no Amazonas e construiu uma trajetória notável na comunicação. Com 47 anos de carreira e mais de 45 prêmios recebidos, iniciou sua jornada no Jornal A Crítica, em Manaus, e ao longo dos anos trabalhou em diversas emissoras. Na TV Bahia, permaneceu por 27 anos. Seu talento e dedicação a tornaram uma das jornalistas mais respeitadas do estado, especialmente por sua cobertura do Carnaval de Salvador e pelo compromisso com a valorização da cultura negra.

Durante sua carreira, Wanda protagonizou momentos históricos no jornalismo e na cultura. Esteve à frente da cobertura da visita de Michael Jackson ao Pelourinho, em 1996, quando o astro gravou cenas do clipe They Don’t Care About Us e também foi responsável por promover encontros memoráveis, como quando levou o jamaicano Jimmy Cliff à sede do bloco afro Muzenza, na Liberdade, fortalecendo laços entre a música negra da diáspora. Antes de fixar residência na Bahia, teve a oportunidade de entrevistar o escritor Ariano Suassuna, durante o período em que viveu em Recife. Mais recentemente, encontrou-se com a cantora e atriz Nabiyah Be, filha de Jimmy Cliff e integrante do elenco do filme Pantera Negra.

Foto/Reprodução Wanda Chase Instagram

Por sua contribuição ao estado, Wanda recebeu o título de cidadã soteropolitana e estava prestes a ser homenageada também como cidadã baiana. Em janeiro de 2023, a jornalista revelou ter sido convidada pelo prefeito de Salvador, Bruno Reis, para assumir a Secretaria da Reparação mas não aceitou o convite. “Foram dias difíceis, de muita escuta. Estou aqui hoje para partilhar com vocês a razão da minha negativa. Estou num momento muito interessante da minha vida. Há anos, tento colocar em prática projetos pessoais que me são muito caros. Tive a sorte de nos últimos anos conseguir dar encaminhamento a estes projetos. Não tenho como abrir mão destes sonhos agora”, disse Wanda em seu Instagram. 

Nos últimos meses, a comunicadora enfrentava complicações de saúde. Em março, contraiu uma virose durante o Carnaval e, posteriormente, foi diagnosticada com infecções urinária e intestinal, que agravaram seu quadro. Na quarta-feira, precisou ser internada e submetida a uma cirurgia de emergência devido à gravidade da situação.

O velório e o sepultamento estão programados para sábado, 5 de abril, no Cemitério Campo Santo, em Salvador. A família aguarda a chegada de parentes de outras regiões para a realização das cerimônias.

A partida de Wanda Chase gerou grande comoção entre colegas de profissão e figuras públicas. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, ressaltou sua importância para o jornalismo e a cultura baiana, destacando que seu legado continuará a inspirar futuras gerações. “Lembro-me das vezes em que nos encontramos, ela sempre com um sorriso, alegria contagiante e muita competência no que fazia. Sua partida deixa uma lacuna no jornalismo e na luta por igualdade racial e justiça social”, disse a ministra.

A jornalista e escritora Midiã Noelle também prestou homenagem: “Hoje é um dia triste para o Norte, o Nordeste, mas também para todas as pessoas do Brasil e do mundo que tiveram a oportunidade de conhecer Wanda Chase. Afinal, sua origem era de Barbados, e ela era uma mulher da cultura. E mais do que jornalista, Wanda era uma amiga inspiradora.”

A comunicadora e humorista Maíra Azevedo, conhecida como Tia Má, reforçou o impacto de sua trajetória: “O seu legado te torna eterna! A sua presença possibilitou a chegada de outras jornalistas parecidas com você! Que a gente não esqueça a sua história.”

Já a jornalista Val Benvindo destacou sua coragem e pioneirismo: “Wanda foi pioneira. Foi corajosa! Wanda foi, sobretudo, altiva. Ela era amiga dos famosos, tinha respaldo na TV e chegava sabendo que sua presença sempre seria notada, mostrando que ser baixinha era um toque especial rs.”

Com uma carreira marcada pelo compromisso com a informação e pela defesa da representatividade negra, Wanda Chase deixa um legado inestimável para o jornalismo e para a luta por igualdade racial, sendo lembrada por sua paixão, influência e impacto social.

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