Um ano depois: onde está Tainara Santos?

Desaparecimento de jovem quilombola de Cachoeira (BA) completa um ano sem respostas; família e organizações cobram justiça e responsabilização das autoridades.

Publicado em 10/10/25 às 18:08

Foto: Reprodução

Na última quarta-feira (9), completou um ano do desaparecimento de Tainara dos Santos, de 27 anos, moradora da comunidade quilombola de Acutinga Montecho, em Cachoeira (BA). Mãe de duas crianças e trancista, Tainara foi vista pela última vez em 9 de outubro de 2024, acompanhada por homens não identificados e pelo ex-marido, George Anderson Santos, com quem manteve um relacionamento de seis anos marcado por conflitos e denúncias de agressão.

Para lembrar a data e cobrar respostas sobre o caso, foi realizada uma Aula Pública Contra o Machismo e o Feminicídio, na Câmara Municipal de Cachoeira. A atividade foi organizada pelo Odara – Instituto da Mulher Negra, pela ONG Tamo Juntas, pelo Coletivo Ângela Davis e pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), reunindo familiares, lideranças comunitárias e representantes de organizações civis.

De acordo com informações do inquérito, George Anderson afirmou ter deixado Tainara em um posto de gasolina em uma área conhecida como “KM 25”, no município de Cachoeira, no dia do desaparecimento. Mas testemunhas relataram que o homem teria feito diferentes percursos com ela em seu carro antes disso. Tainara não foi localizada desde então. O ex-marido foi preso preventivamente e segue como principal suspeito do crime, respondendo sob custódia enquanto o processo segue em andamento.

Em março deste ano, ocorreu uma audiência de instrução e julgamento do caso. Até o momento, não há definição sobre a data do júri. As investigações indicam que Tainara havia registrado boletim de ocorrência contra o ex-companheiro meses antes de desaparecer, denunciando episódios de violência doméstica.

A irmã da jovem, Itamara Santos, conta que o desaparecimento impactou a família. “Está sendo muito difícil chegar a um ano sem minha irmã, tem sido muito doloroso. Mesmo assim, estamos tentando criar forças, fazendo terapia, nos apoiando umas nas outras. A cada vez que minha mãe precisa refazer o percurso até nossa comunidade, ela vem chorando no carro porque se lembra de Tainara. O sofrimento é imenso, mas não podemos deixar esse caso ser esquecido”, disse.

Para a advogada Laina Crisóstomo, da ONG Tamo Juntas, que atua como assistente de acusação no processo junto ao Ministério Público, o caso evidencia a necessidade de fortalecer os mecanismos de proteção às mulheres em situação de violência.

“O caso de Tainara não é isolado, é parte de uma violência que tem atingido diversas mulheres, mas carrega um requinte de crueldade muito específico: o assassinato de uma mulher que era mãe, trancista, filha e cuja ausência do corpo impediu até mesmo o direito à despedida. Foi um crime com muitas qualificadoras, resultado de reiteradas violências, sendo o feminicídio o ápice delas”, destacou.

Segundo Joyce Souza, do Instituto Odara, a aula pública tem como propósito mobilizar a comunidade e promover o debate sobre políticas de prevenção à violência contra mulheres negras e quilombolas.

“É imprescindível marcar publicamente o um ano do desaparecimento de Tainara, para pressionar o Judiciário a dar uma resposta que minimize a angústia de suas filhas, familiares e comunidade, e também para fortalecer a formação e disseminação de conhecimento sobre as violências contra as mulheres e o papel de cada agente: sociedade civil, família, comunidade e Estado, na prevenção e no enfrentamento”, afirmou.

O desaparecimento de Tainara dos Santos permanece em investigação. Um ano após o ocorrido, o corpo da jovem ainda não foi encontrado, e o processo segue em tramitação no sistema judiciário baiano.

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